Qualquer que seja a minha boa vontade, não posso contentar-me com uma palavra que me repetem. Preciso de um escripto.
— Não sirva isso de empecilho, disse Gilliatt.
E apresentou ao decano um papel.
O decano pegou no papel, percorreu com um olhar, pareceu passar algumas linhas, sem duvida, inuteis, e leu alto:
— «...Vai ter á casa do decano para arranjar as dispensas. Desejo que o casamento se faça o mais cedo possivel, e já, será melhor.»
Poz o papel em cima da mesa e continuou:
— Assignado Lethierry. A cousa seria mais respeitosa se fosse dirigida a mim. Mas como se trata de um collega, não exijo mais.
Ebeneser olhou de novo para Gilliatt. Ha almas que se entendem. Ebeneser sentia naquillo uma fraude; e não teve força, não teve mesmo idéa, de denuncial-a. Ou fosse obediencia a um heroismo latente que elle antevia, ou fosse que se lhe aturdisse a consciencia pela ventura subita, Ebeneser não teve palavras.
O decano tomou a penna e encheu, com auxilio do lançador dos assentos, os claros da pagina escripta no livro, depois levantou-se, e com o gesto, convidou Ebeneser e Deruchette, a aproximar-se da mesa.
Começou a ceremonia.
Ebeneser e Deruchette estavam ao pé um do outro diante do ministro. Quem tiver sonhado que se está casando saberá o que elles sentiam.
Gilliatt estava a alguma distancia na obscuridade dos pillares.