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Naturalmente o marinheiro queria mãos de duqueza. Não se encontram mãos dessas nas pescadoras de Port-Bail.

Conta-se entretanto que, em Rochefort (Charente) achou elle um dia uma grisette que realisava o seu ideal. Linda moça e lindas mãos. Detrahia e arranhava. Affrontal-a era perigoso. As suas unhas, extremamente asseiadas, tornavam-se garras destemidas, quando era necessario. Tão bellas unhas encantaram Mess Lethierry; mas depois, receando que viesse a perder a autoridade sobre a amante, resolveu não levar aquelle namorico á presença do senhor maire.

De outra feita, em Aurigny, gostou de uma rapariga. Já cuidava dos esponsaes, quando um residente do lugar lhe disse: Dou-lhe os meus parabens. Leva uma boa esterqueira. Lethierry pedio explicações deste elogio. Em Aurigny ha uma moda. Apanha-se esterco de vacca e deita-se ás paredes. Depois de secco, cahe o esterco e serve para aquecer a gente. Ninguem casa com uma rapariga, senão quando é boa esterqueira. Esta habilidade afugentou Mess Lethierry.

De mais, em assumpto de amor ou de namoro, tinha elle uma boa philosophia rustica, uma sciencia de marinheiro apanhado sempre, encadeado nunca. Lethierry gabava-se de ter-se deixado vencer sempre pela vasquinha, no tempo da sua mocidade. O que hoje se chama crinolina, chamava-se então vasquinha. Significa mais e menos que uma mulher.

Os rudes marinheiros do archipelago normando são intelligentes. Quasi todos sabem ler. Vê-se ao domingo rapazitos de oito annos, assentados em um