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Que apóz ſi me arraſtrou. Sim, ſim, fujamos.
Fujamos deſte encanto... mas que tardo
Se preſta o pé a quanto a mente ordena!
Em vaõ, em vaõ reſiſto... Ah! que ella chega...
Ella vem... (Ai de mim! e como o traje
Recebe graças mil da forma bella!)
Tal a vejaõ, e quanto eu meſmo a adorem
Os que d'injuſto, e leve me criminaõ.

 
SCENA IV.
 
OSMÍA, e LELIO ſe adianta a recebella.
 

Lelio. SEnhora...

Oſmîa. Se eu ſoubera que os profundos
Cuidados de teu cargo te deixavaõ
Livres eſtes momentos, pertendêra
Que à minha dôr, Romano, os concedeſſes.

Lelio. Hum ſó, Bella Princeza, hum ſó cuidado
Dos mais abſorve o reſto. De teus males
Diminuir procuro a maior parte,
Já que (inda mal!) nao poſſo extinguir todos.

Oſmîa. Mal o prova, Pretor, o vaõ capricho,
Que a tao odioſo traje me condemna.
Ah! permitte, Senhor, que me deſpoje
De tao improprio fauſto! Valle Eledia
Maiores ſacrificios; porém quanto
Me naõ tem já cuſtado eſta mudança!

Lelio. E comtudo, eſſa pompa he mais conforme
A' tua dignidade, que os groſſeiros
Veſtidos nacionaes dos Turdetanos.

Oſmîa. Naõ, Lelio, as finas lans que fabricamos,
Nós meſmas, quando a paz nos deixa o tempo,
De mais honra nos cobrem que eſtas gálas
Manobradas por Póvos Estrangeiros.

Lelio.