Oſmîa. TRiſte, miſera Oſmîa! até que ponto
Teus males s'amontoaõ? De que ſerve
A grandeza, a virtude , a heroicidade
Se ao preceito cruel do Eſpoſo inſano,
Tudo deve ceder n'um ſó momento?
Meu coraçaõ, minha alma ſe rebella
Contra a lei inhumana. Com vil fraude...
Eu! derramar hum ſangue virtuoſo!...
Cravar no peito inerme o ferro iniquo!...
Naõ he poſſivel: naõ. E que delicto,
Que furor contra Lelio aſſim nos arma?
Amar-me foi ſeu crime. Oh Deos! e quando?
Quando mo declarou? o retirar-me,
Naõ propoz elle meſmo?.. Ah! ſenaõ foſſe
De Rindaco a imprudente falſidade
Nem elle s'atrevêra... nem eu meſma
Ao coraçaõ as redeas afrouxára...
Mas em vaõ me deſculpo, em vaõ pertendo
Aligeirar o mal que me condemna.
E que devêra Oſmîa hum ſó inſtante
Alongar a partida? Sem cautela
Preſtar brandos ouvidos a projectos,
Contra as Leis, contra os uſos concebidos?
Ah! que mal, (infeliz) mal te escutaſte!
Mal o teu coraçao ſondar ſoubeſte!
E's tu Oſmîa? Se és Oſmîa, a pena
Deves logo pagar, que huma imprudencia
Da tua maõ requer: ſim, ſim, morramos:
Doce couſa he morrer ſe ſalvo em tanto
O coraçaõ d'ingratidaõ taõ feia.
Mas que faço em morrer! meu nome cubro
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SCENA IV.
OSMÍA ſó.
D'op-