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Fulminante excommunhão o acolheu nas austeras fortalezas do Papado.

o Enóe — a formosa, a civina — conspurcou aquelles frescos esplendores juvenis de sua alma, com os impuros labios maldictos de Zonilio...

Enóe morreu e, horror dos castigos! — : os impetuosos vendavaes da morte a carregaram, mansamente, triumphalmente, para as lobregas prisões infernaes, onde existe incognito exílio de mysteriosos, inquisitoriaes supplicios, para as virgens transviadas...

Zonilio padeceu, vasquejou em mortaes agonias.

Medonho, na soidão horrivel do seu impio amor, caminha, caminha sempre o solifugo, pelas ruas sombrias de Chrysopolis, e mais de uma vez, por plangentes vibrações de meia-noite, tem roubado, em atremeços brutaes, descuidadas donzellas.

Depois -- grande, espantoso crime ! desce com ellas em invisiveis degraus de compridissimas escadas, que tocam o desterro de Enóe, e — feroz, com esgares de reprobo — as precipita para igneos abysmos...

E sempre, odioso sempre como Caim, esprei avos, ó pallidas creanças, arrebatando-vos, com alegrias de demonio, toda vez que alguma de vós — mais imprudente e louca — se atira pelos labyrin-

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