gar Pöe nos descreveu, com a sua imaginação demasiado viva e exaltada.
Paulo assemelhava-se a uma fera enjaulada que afia os colmilhos ponteagudos, com furia e ancia, para atirar depois o bote mortal e vingativo no seu algoz. — Hirto, horripilante, terrivel, percorre com a vista desvairada o ambito desolado da caverna em que habita. Delira, solta beijos vagos, rasga convulsivamente as carnes entumescidas e parece cevar no incognito a animalidade da revanche.
Na vespera soubera do regresso da Chica, já sem o farrancho do cabo, mas agora seguida d'um bando empestado de bufarinheiras de goso e vicio...
Que ruminava elle, quando um sorriso feroz lhe tisnou negramente o rosto transfigurado, ao sahir mysteriosamente do seu covil...
Paulo d'esta feita não procurou a taverna, e' gesticulando, marchou para o açougue infame, onde a Chica e companheiras vendiam, no balcão da libertinagem, a preço infimo, a carne depravada.
Cego de raiva, elle cahe como um raio no bordél e arrebata a pérfida, fulminada pelo horror que lhe inspira aquelle esqueleto sanguisedento e desgrenhado, em pleno delirio...