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PAQUITA
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Oh! desde então, risonha e prazenteira,
Como um anjo da paz, sempre a meu lado
Vem pousar esta doce companheira:
No seu rosto suave e namorado
Sorri a inspiração, falla a ventura,
Scintilla a viva luz, que Deus lhe ha dado!


Ás vezes, quando o som da Ave Maria
Bate pausado na deserta ermida,
E no mar, occultando a face ao dia,
O sol inda reflecte luz sumida;
Quando se escuta o murmurar saudoso
Da clara fonte, ou da corrente fria,—


Na mão firmando o rosto pensativo,
Parece em certas horas que a domina
A tristeza que nasce sem motivo;
E não raro uma lagrima termina
Por tremer nos seus olhos, que se fitam
Sobre as aguas da veia crystalina.