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CANTO I
27

Nos olhos negros, morbidos, rasgados,
Scintilla o pranto; a voz languida expira
Nos seus labios trementes e córados;
Arrebatado elle a seus pés suspira,
E apertando-a depois d'encontro ao peito
Num extasis d'amor cego delira!


Ó musa! Aqui neste p'rigoso instante...
P'rigoso digo, porque emfim, leitora,
Inexperiente o joven estudante...
Toda innoccncia a prima encantadora...
E sós naquelle sitio ameno e grato,
Quasi ao romper da aurora fulgurante...


Eu sei... talvez... Porém Vossa Excellencia
Provavelmente agora determina
Que este assumpto se deixe em reticencia;
Obedeço e prosigo. A lua inclina
Do lado do ponente a face meiga,
E do nascente a aurora se illumina.