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PAQUITA

Nos primeiros momentos dilacera
Do coração as fíbras, sem piedade,
Esta palavra—adeus; depois lacera,
Não vem talvez co'a mesma intensidade,
Mas oh! que mata a vida a fogo lento,
A dor que fica, e que se diz—saudade!


O prado é vivo, alegre na campina
A flor agreste que perfuma a brisa,
Fresca a veia da fonte crystalina
Quando entre relvas trépida deslisa,
Saudoso e grato divagar nas veigas
Á luz da tarde, quando o sol se inclina;


Mas é sabido que, se n'alma existe
Uma idéa profunda e dolorosa,
Com tal aspecto torna-se mais triste;
Sobretudo se o bosque, o prado, a rosa,
Este monte, este valle, este arvoredo,
Nos recordam d'um'hora venturosa!