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varias. Mais tarde (1883) publicou ainda outro livro de versos, intitulado a Musa velha.

A musa do sr. Francisco Palha é galhofeira; a sua veia hümoristica, graciosa e naturalissima, sobresahe nas suas comedias e poesias. Thalia é a musa que elle escolheu e em cujo culto se iniciou sacerdote. Poderia ter preferido outra carreira litteraria, e seria sempre distincto; para muito é e muito vale o seu grande talento. Numa das suas obras diz elle de si proprio o seguinte: «O auctor conhece, — e Deus sabe com que magua e com que arrependimento! — o logar pouco distincto que lhe é dado occupar na republica das lettras; outro mais elevado não o póde conquistar já — é muito tarde para isso: — mas, ao menos, nestas composições tão insignificantes mostra elle sempre a sua boa fé, e faz a diligencia por se apresentar como homem de bem.» (Parodias de F. Palha, pag. 32.)


Francisco de Sá de Miranda (XVII e XLV). Foi natural de Coimbra e doutor na Universidade este insigne poeta, que denominaram Seneca portuguez. Pertence á eschola classico-italiana, de que foi um dos fundadores. Poderuamos escrever muito acerca da sua influencia e estudos, que nunca diriamos bastante. Ha livros e memorias a seu respeito que o abonam, e com justiça, na qualidade de benemerito da lingua. No seu tempo não havia modelos a seguir; era mister destrinçar difficuldades, desbravar terrenos incultos, constituir-se por si mesmo discipulo e mestre: discipulo pela applicação porfiada ás novas ideias que a Renascença indicava, mestre por levantar o ensino na nossa peninsula, intimando novo rumo, um novo codigo ao gosto e á metrificação. Sob este aspecto Sá de Miranda foi reformador habil, e o seu exemplo serviu de norma e de eschola. É clássico nas duas litteraturas, portugueza e castelhana, e em ambas citado com elogio.

O celebre allemão Bouterwek na sua Historia da litteratura hespanhola, cuja traduccão franceza de 1812 temos á vista, avalia-o lisongeiramente como poeta castelhano, reputando-o ao mesmo tempo superior em portuguez. Henri Prat no seu livro Études littéraires (xvi.e siècle) não lhe é menos favoravel, e aponta as suas poesias á Virgem Nossa Senhora, em que muito sobresahe (diz elle) o seu talento.