apparecimento, decrepitas e tresandando a naphtalina. Nada mais nocivo para a livre expansão do pensamento meramente nacional do que a importação, como novidade, dessas formulas exoticas, que envelhecem e murcham num abrir e fechar de olhos, nos cafés literarios e nos cabarets de Pariz, Roma ou Berlim. Deus nos livre desse snobismo rastacuerico, de todos os « ismos » parasitas das ideas novas, e sobretudo das duas inimigas do verdadeiro sentimento poetico — a Litteratura e a Philosophia. A nova poesia não será nem pintura, nem esculptura, nem romance. Simplesmente poesia com P grande, brotando do solo natal, inconscientemente. Como uma planta.

O manifesto que Oswald de Andrade publica encontrará nos que têm (essa infima minoria) escarneo, indignação e mais que tudo — incomprehensão. Nada mais natural e mais razoavel : está certo. O grupo que se oppõe a qualquer idéa nova, a qualquer mudança no ramerrão das opiniões correntes é sempre o mesmo : é o que vaiou o Hernani de Victor Hugo, o que condemnou nos tribunaes Flaubert e Baudelaire, é o que pateou Wagner, escarneceu de Mallarmé e

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