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     E nua fica nossa alma
     Onde a esp’rança se extinguio,
     Como tronco sem folhagem
     Que o frio inverno despio.

     Mas como o tronco remoça
     E torna ao que d’antes era,
     Vestindo folhagem nova
     C’o volver da primavera,

     Assim na mente nos pousa
     Novo enxame de illusões,
     De novo o porvir se arreia
     De mil douradas visões.

     A scismar com o futuro
     A alma de sonhar não cansa,
     E de sonhos se alimenta,
     Bafejada da esperança.

Esperança que és tu? Ah! que minha harpa
Já não tem para ti sons lisongeiros;
Sim — n’estas cordas já por ti malditas
     Acaso tu não ouves