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Com que bordas ao longe os horizontes....
E fascinado o misero não sente
Que mais e mais se embrenha
Pela sombria noite do infortunio.
E se dos labios seus queixas exhala,
Se o fel do coração emfim transborda
Em maldições, em gritos de agonia,
Em teu regaço, perfida seréa,
Co’a voz embaidora, inda o acalentas;
— Não esmoreças, não; — é cedo; espera; —
Lhe dizes tu sorrindo.
E quando emfim no coração quebrado
De tanta decepção, soffrer tão longo,
Nos vem roçar do desalento o sopro,
Quando emfim no horizonte tenebroso
A estrella derradeira em sombras morre,
Esperança, teu ultimo lampejo,
Qual relampago em noite tormentosa,
Abre clarão sinistro, e mostra a campa
Nas trevas alvejando.