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Que prazenteira os passos antecedes
    Do rei do firmamento,
Em seus caminhos flôres dispargindo!
Salve, aurora! — quão donosa surges
Nos azulados topes do oriente
Desfraldando o teu manto auri-rosado!
    Qual candida princeza
Que em desalinho languida se erguêra
Do brando leito, em que sonhou venturas,
Tu lá no ethereo throno vaporoso
Entre cantos e aromas festejada,
Sorrindo escutas os melifluos quebros
Das mil canções com que sauda a terra
    O teu raiar sereno.

Tambem tu choras, pois em minha fronte
Sinto teu pranto, e o vejo em gottas limpidas
A scintillar na tremula folhagem:
Assim no rosto da formosa virgem
— Effeito ás vezes de amoroso enleio —
Brilha através das lagrimas o riso.

Bemdiz o viajor extraviado
Tua luz benigna que a vereda aclara,