Que estalão sob os pés de errante gado,
As tabas 3 em ruina, e os mal extinctos
Vestigios das ocáras, 4 onde o sangue
Do vencido corria em largo jorro
Entre as pocemas de feroz vingança,
Eis as reliquias que recordão feitos
Do forte lidador da rude selva.
De virgem mata a susurrante cupola,
Ou gruta escura, disputada ás féras,
Ou fragil taba, n’um momento erguida,
Desfeita no outro dia, erão bastantes
Para abrigar o filho do deserto;
No carcaz bem provido repousavão
De todo o seu porvir as esperanças,
Que suas erão da floresta as aves,
E nem lhes nega o corrego do valle,
Limpido jorro que lhe estanque a sêde.
No sol, fonte de luz e de belleza,
Vião seu Deos, prostrados o adoravão,
Na terra a mãi, que os nutre com seus fructos,
Sua unica lei — na liberdade.
Oh! floresta, que é feito de teus filhos?
Página:Poesias (Bernardo Guimarães, 1865).djvu/71
— 63 —