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O que de mais esplendido e formoso
Alardêa no ermo a natureza;
Que nem sómente o incola das selvas
De seu furor foi victima; — após elle
Rue tambem a cupola virente,
Unico abrigo seu, — sua riqueza.
Esta tremula abobada, que ruge
Por seculares troncos sustentada,
Este silencio mystico, estas sombras,
Que agora me derramão sobre a fronte
Suave inspiração, scismar saudoso,
Vão em breve morrer; — lá vem o escravo,
Brandindo o ferro, que dá morte ás selvas,
E — afanoso —põe peito á impia obra: —
Já o tronco, que os seculos creárão,
Ao som dos cantos do Africano adusto
Geme aos sonoros, compassados golpes,
Que vão nas brenhas resoando ao longe;
Sôa o ultimo golpe, — range o tronco,
O tope excelso tremulo vacilla,
E desabando com gemido horrendo
Restruge qual trovão de monte em monte
Nas solidões profundas reboando.
Assim vão baqueando uma após outra