Por desertos sem fim, onde em vão buscas
Um abrigo onde pouses, uma fonte
Onde apagues a sêde que te abrasa!
O’ mortal, porque assim teus olhos cravas
Na abobada do céo? — Queres ver n’ella
Decifrado o mysterio inexcrutavel
Do teu ser, e dos seres que te cercão?
Em vão teu pensamento audaz procura
Arrancar-se das trevas que o circumdão,
E no hardido vôo abalançar-se
A’s regiões da luz e da verdade;
Baldado afan! — no espaço eil-o perdido,
Como astro desgarrado de sua orbita,
Érrando ás tontas na amplidão do vacuo!
Jámais pretendas estender teus vôos
Além do escasso e pallido horizonte
Que mão fatal em torno te ha traçado....
Com barreira de ferro o espaço e o tempo
Em acanhado circulo fechárão
Tua pobre razão: — em vão forcejas
Por transpôr essa meta inexoravel;
Os teus dominios entre a terra e os astros,