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E sem alento deixou-me
Sobre o elemento infiel;
Ouço já o bramir tredo
Das vagas contra o penedo
Onde irá — talvez bem cedo —
Sossobrar o meu batel.

No horizonte não lobrigo
Nem praia, nem lenho amigo,
Que me salve do perigo,
Nem fanal que me esclareça;
Só vejo as vagas rolando,
Pelas rochas soluçando,
E mil coriscos sulcando
A medonha treva espessa.

Voga, baixel sem ventura,
Pela turbida planura,
Através da sombra escura,
Voga sem leme e sem norte;
Sem velas, fendido o mastro,
Nas vagas lançado o lastro,
E sem ver nos céos um astro,
Ai! que só te resta a morte!