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olinda a alzira

Da calmosa avidez, suaves gotas
Rabido anhela, e quanto é mais soffrida
Ardente sede, tanto mais ensopa
Uma, e outra vez insaciaveis fauces:
Não d'outra sorte flagellados membros
Da dôr pungidos de crueis combates,
Balsamica emoção consoladora
Com avidez seccavam insoffridos:
A alluvião prolifica eu sentia,
Pruridos divinaes e estremecendo
Á melliflua impressão, perennaes gosos
Bastante tempo apoz gosava ainda.
N'este instante expirou dentro em minh'alma
Temor nefando, que immolava ao culto.
Nova moral raiou de Olinda aos olhos;
Eu tive em pouco rispidos preceitos,
Ameaças crueis, com que ralavam
Meus annos infantis. Doeu-me, Alzira,
De ver tanta belleza definhada
Da hypocrisia victimas infaustas;
Aponta a edade, em que é d'amor forçoso
As delicias gosar; em que almo viçoso
Como nas plantas, n'ellas assignalam :
Grata reproducção comsigo abafam,
Envenena-se o germen da natura.
Infecção purulenta as vai minando.
Que seus dias termina, ou os condemna
A languida existencia: abate o corpo,
Abate o esp'rito corruido o alento.

Innovamos a acção, eu, e Bellino,