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ribeirada
XVIII

Deteve aqui a voz o rijo accento,
Que dos trovões o estrepito parece,
E logo d′ante os olhos n′um momento
A nocturna visão desapparece:
Deixa Ribeiro o sordido aposento,
Que de antigos escarros se guarnece;
E nas tripas berrando-lhe o demonio
Corre logo a tractar do matrimonio.

XIX

O brando coração da femea alcança
Com finezas, caricias e desvelos;
A qual sobre a vil cara emprega, e lança
(Tentação do demonio!) os olhos bellos:
O fodedor maldito não descança
Sem vêr chegar o dia, em que os marmellos
Que tem juntos do cu, dêem cabeçadas
Entre as cândidas virilhas delicadas.

XX

Chega o dia infeliz (triste badejo!
Misera crica! desditoso rabo!)
E ornado o rosto de um purpureo pejo
Une-se a mão de um anjo á do diabo:
Ardendo o bruto em férvido desejo
Unta de louro azeite o longo nabo,
Para que possa entrar com mais brandura
A vermelha cerviz faminta, e dura.