Da offensa a infinita gravidade,
E verás que o castigo não excede.
Apostata infeliz, como te atreves
A tratar de tyrano o Omnipotente,
O Deus, que no Sinay envolto em gloria
Santas leis d′Israel dictou ao povo?
Achas indigno d′ellas o extermínio
D′esses torpes idolatras, mil vezes
Ingratos de seu Deus aos beneficios?
Arbitro absoluto dos viventes.
Não póde, prescindindo inda da culpa.
As vidas acabar, que lhe pertencem?
E conclues d′aqui, que o seu ministro
Moysés incomparavel, foi um monstro
De furor, impostura, e fanatismo?
Hallucinado monstro, onde bebeste
Para tua desgraça tal doutrina?
Podia um impostor fender as aguas
Com a força enganosa dos prestigios,
Fazendo pelo leito do mar-Roxo
Caminho só aos peixes conhecido?
Poderia de um arido rochedo
Só com o leve toque de uma vara
Fazer sahir uma abundante fonte
Para o povo com sede fatigado?
Seria a sua astucia só bastante
Para outros mil prodigios d′esta ordem,
Em que de Pharaoth os mesmos magos
Confessaram andar de Deus o dedo?
Vai lêr sem prevenção os seus escriptos,
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