Pretendes temerario collocal-as
Par a par da virtude, blasfemando.
De quem por torpes vicios as condemna?
Aprende a defendel-as, ignorante;
Verás que da razão sendo inimigas
Não se podem livrar de ser culpaveis.
Perdendo a graça, dize, fementido.
Qual é o meio de revindical-a?
Duvidas de que o summo sacerdote
Para estes infelizes naufragantes
Da penitencia não deixou a taboa?
Duvidarás que foi aos sacerdotes
A quem deu o poder illimitado
De atar e desatar os criminosos?
Se não duvidas, deves conferssar-me
Que antes de proferirem a sentença
Devem primeiro conhecer a culpa.
Ajoelha, profano, mentecapto,
Ante este tribunal, de que escarneces,
Fonte de graça, que te fugiu d′alma.
Respeita nos ministros, que a despendem,
Não as suas fraquezas, que são homens.
Mas aquelle de quem são commissarios.
Não é Deus oppressor, não vingativo.
Por vibrar com a dextra o raio ardente
Contra os que seguem, como tu, com furia
Da carne os criminosos movimentos,
Que sua lei, tua razão condemnam.
Dizes que a punição excede o crime;
Blasphemo, que tu és! Piza, se pódes
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