Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/21

poema
17
XXVII


«Ah! deixa-me tomar um breve alento,
Primeiro que rendida e morta caia...»
Mas elle, na foda é um jumento,
Não tem dó da mulher, que já desmaia:
Sentindo ser chegado o fim do intento,
Do ranhoso licor lhe inunda a saia;
Porque dentro do vaso não cabia
A torrente, que rapida corria.

XXVIII


De gosto o vil cachorro então se baba,
E vendo que a mulher calada fica,
«Consola-te (exclamou) que já se acaba
Esta fome voraz da minha pica.»
E com muita risada então se gaba
De lhe ter esfollado a roxa crica;
Mas ella grita, ardendo-lhe o sabugo:
«Ora que casasse eu com um verdugo!

XXIX


«Fóra, fóra, cachorro, não te aturo
Que me fere as bordas do coninho!»
E com desembaraço um tezo, e duro
Bofetão lhe arrumou pelo focinho:
Tomou em tom de graça o monstro escuro
A affrontosa pancada, e com carinho
Disse para a mulher: «Brincas comigo!
Pois torno-te a foder, por teu castigo.»

2