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olinda a alzira
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Do que nos cumpre ser annos mais tarde.
N′aquella edade a Natureza attenta
Em conservar-nos só, não desenvolve
Sentimentos, que então superfluos foram:
Inactivas nos tem, e nos conserva,
Bem como as plantas no gelado inverno.
Porém depois que o sol da primavera
Fecundos raios sobre nós dardeja,
Então de novas fórmas animado
Pula nas veias affogueado sangue,
E sem perder da infancia os attractivos
Da puberdade o lustre desfructamos.
Então sentimos commoções insolitas,
Que origem são dos males, que te opprimem:
Do amor, que te domina, melancholico;
Da forte agitação, que em ti presentes.
Mas tem tudo remedio; eu hei-de dar-t′o,
Feliz serás, se o trilho me seguires.



EPISTOLA III


OLINDA A ALZIRA


Quanto gratas me são as tuas letras,
Querida Alzira! Ao coração me fallas!
As tuas expressões meigas occultam
Em si virtude tal, que apenas lidas