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alzira a olinda

Das mesmas sup′rioras a presença,
Que d′antes para mim era indiff'rente,
Se me torna hoje dura, intoleravel!
Aonde, aonde irão estes impulsos
Precipitar a malfadada Olinda?
Será, querida Alzira, a tua ausencia,
Que me faz derramar tão agro pranto?
Debalde a largos passos solitaria
Vago sem norte: ignoro o que procuro;
Ah! minha cara! os males que tolero
Expressal-os não posso, nem soffrel-os.



EPISTOLA II


ALZIRA A OLINDA


Conheço de teus males a vehemencia,
Prezada Olinda! Eu propria os hei soffrido,
Quando da mesma edade que hoje contas
Próvida a Natureza começava
A preencher em mim seus fins sagrados.
Marcha ella por graus em suas obras;
Procede ao fructo a flôr já matizada,
Que fôra antes de flôr botão mimoso.
Assim a sabia mão da Natureza,
A passos insensiveis caminhando
Maravilhas em nós produz, que assombram.
Somos na infancia apenas um bosquejo