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alzira a olinda

Que beijos mil só farta, e que só pôde
Nos braços de um amante saciar-se?...
Não, amor a virtude fortifica:
Mais a piedade sobre as desventuras
Que os outros soffrem, mais a humanidade
Em nós se augmenta, quando mais amamos.
Se desde o berço em nós força indizivel
Sentimentos de amor vai radicando;
Se, mal balbuciamos, quanto vêmos
A fallarmos de amor nos estimula;
Se a edade vai crescendo, e a natureza
Nossas feições altera, assignalando
Com marcas bem sensiveis, que chegamos
Ao prazo, em que é lei sua amar por força,
Ou desnegar então nossa existencia:
Se tudo a amar convida, e nos impelle,
Quem ousa amor chamar crime execrando?....

Ah! deixa, Olinda, deixa que alardêem
Virtude austera hypocritas infames:
Sabe que, em quanto amor horrivel pintam,
Em quanto aos olhos teus assim o afeiam,
De uma amante venal nos torpes braços
Vão esconder transportes, que os devoram,
E, por castigo seu, sómente gosam
Emprestadas caricias, vis affagos.
Mas quando assim os homens dissimulam,
Para dissimulares te dão direito:
Finge, como elles; ama e lh′o disfarça;
Que é mais um gosto amar ás escondidas.
Affecta, embora, affecta sisudeza