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olinda a alzira

Ingenuo, affavel, ah! prezada Alzira!
Se tão amavel é o teu Alcino,
Ninguem como eu e tu é tão ditoso!...

Pouco preciso foi para vencer-me:
Não teve que impugnar loucos caprichos,
Com que ufanas amantes difficultam
O mutuo galardão, que amor exige:
Se amor ambos int'ressa, e ambos colhemos
Seus mimosos favores, porque causa
Havia de indiff'rença dar indicios.
Quando o meu peito, ancioso, palpitava?
Se eu o levava da ventura ao cume.
Não me dava elle a mão para seguil-o?
Sim; nos seus braços me arrojei sem custo
E se o pudor as faces me tingia,
Inda as chammas d′amor mais me abrazavam.
Eu nadava em desejos indisiveis;
E quantos beijos recebia, tantos
Cheios de igual fervor lhe compensava:
Seus labios inflammados ateavam
As doces labaredas, em que ardia;
E meus labios, aos labios seus unidos,
Sensações recebiam deleitosas.
Que me filtravam pelo corpo todo...
Tão grandes emoções exp′rimentava,
Que a tanto gosto eu mesma succumbia!
Preza a voz na garganta, não sabendo
Nem já podendo articular palavra,
Respirando anciada, e com vehemencia,
Os meus sentidos todos confundidos,