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alzira a olinda

Sem resistir-Ihe mais, sobre o seu collo:
Importunos vestidos, que estorvavam
Seus inflammados beiços de tocarem
Occullos attractivos... longe arroja.
Então aos olhos seus (tu bem o sabes,
Quando outr′ora passavamos unidas
Em innocentes brincos... feliz tempo!)
Meus peitos, cuja alvura terminavam
Preciosos rubis, patentes foram.
Ao voluptuoso tacto palpitante
Mais, e mais se arrijaram, de maneira
Que os labios não podiam comprimil-os.
Meus braços nus, meu collo, eu toda estava
Coberta de signaes de ardentes beijos.
Os leves trajos, que ainda conservava.
Em vão eu quiz suster: rapido impulso
Guiava Alcino: d′Hercules as forças
Alli vencêra... As minhas que fariam?
Co′as forças o pudor desfallecido
Deixei fartar seus olhos, e seus gestos.
«Que lindos membros!... Que divinaes fórmas!...
(De quando em quando extatico dizia)
«Ah! que mimosos pés!... Oh céo!... que encantos!...
Que graças apparecem espalhadas!
Que thesouros de amor sobre estas bases!...
Oh que prazer! que vistas deleitosas!...
Alzira, eu vejo em ti uma deidade!
Deixa imprimir meus osculos aonde
Entre fios subtis se esconde o nacar!...
Deixa esgotar a fonte das delicias!...