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alzira a olinda

A ardencia dos desejos combatia
Receio occulto, sem nascer do pejo.

N′um volver d′olhos se despiu Alcino,
E deu-me nú a vêr quam bem talhado
D′hombros, e lados com feições formosas
Seu corpo era gentil: válidos membros
Cobria fina pelle; era robusto,
E delicado a um tempo; esbelto, airoso,
Mediocre estatura, olhos rasgados.
Mimosas faces, rubicundos beiços,
Cheio de carnes, sem que fosse obeso.
Igual nas proporções... Eis um mancebo
Digno de a Marte, e a Adonis antepôr-se.
Não tendo de um a rude valentia.
Nem tendo d′outro a feminil brandura.
Então lancei curiosa ávidas vistas
Sobre ignotas feições: fiquei pasmada
Ao vêr do sexo as distinctivas fórmas
Dobrando a extensão: dobrou meu susto,
Mormente quando, desviando Alcino
Meus pés unidos, entre meus joelhos
Seus joelhos encravou, e com seus dedos
Procurou dividir da estreita fenda
Pequenos fechos, sobre as quaes, de chofre,
Asseslou o canhão, que me assustava.
Ao medo succedeu uma dôr viva,
Como se agudo ferro me cravassem...
Alcino impetuoso ia rompendo
A ténue fenda... Em vão, com mil gemidos
Em pranto debulhada, eu lhe pedia