Do Omnipotente, a demandar justiça
Contra os fortes do mundo, os seus tyrannos.
XIII.
Oh cidade, cidade, que trasbordas
De vicios, de paixões, e de amarguras!
Tu lá estás, na tua pompa involta,
Suberba prostituta, alardeiando
Os theatros, e os paços, e o ruido
Das carroças dos nobres, recamadas
De ouro e prata, e os prazeres de uma vida
Tempestuosa, e o tropeiar continuo
Dos férvidos ginetes, que alevantam
O pó e o lodo cortezão das praças;
E as gerações corruptas de teus filhos
Lá se revolvem, qual montão de vermes
Sobre um cadaver putrido! — Cidade,
Branqueado sepulchro, que misturas
A opulencia, a miseria, a dôr e o goso,
Honra e infamia, pudor e impudicicia,
Céu e inferno, que és tu? Escarneo ou gloria
Da humanidade? — O que o souber que o diga!
Bem negra avulta aqui, na paz do valle,