No lodaçal da sua infamia, a turba
Lá vai buscar o sceptro dos terrores,
E diz — é meu»; e assenta-se na praça,
E involta em roto manto, e julga, e reina.
Se um ímpio, então, na affogueada bôcca
De volcão popular sacode um facho,
Eis o incendio que muge, e a lava sóbe,
E referve, e trasborda, e se derrama
Pelas ruas além: clamor retumba
De anarchia impudente, e o brilho de armas
Pelo escuro transluz, como um presagio
De assolação, e se amontoam vagas
Desse mar d’abjecção, chamado o vulgo;
Desse vulgo, que ao som de infernaes hymnos
Cava fundo da Patria a sepultura.
Onde, abraçando a gloria do passado
E do futuro a ultima esperança,
As esmaga comsigo, e ri morrendo.
Tal és, cidade, licenciosa ou serva!
Outros louvem teus paços sumptuosos,
Teu ouro, teu poder: — sentina impura
De corrupções, teus não serão meus hymnos!