Encostando na mão o rosto acceso,
Fitou os olhos humidos de pranto
Na lampada mortal alli pendente,
E lá comsigo modulou um canto.

É um hymno de amor e de esperança?
É oração de angustia e de saudade?
Resignado na dor, saúda a morte,
Ou vibra aos céus blasphemia d’impiedade?

É isso tudo, tumultuando incerto
No delírio febril daquella mente
Que, balouçada á borda do sepulchro,
Volve após si a vista longamente.

É a poesia a murmurar-lhe na alma
Ultima nota de quebrada lyra;
É o gemido do tombar do cedro;
É triste adeus do trovador que expira.


DESESPERANÇA.


«Meia-noite bateu, volvendo ao nada
Um dia mais, e caminhando eu sigo!
Vejo-te bem, oh campa mysteriosa...
Eu vou, eu vou! Breve serei comtigo!