É tão bom respirar, e a luz brilhante
Do sol oriental saudar no outeiro!
Ai, na manhan sauda-la posso ainda;
Mas será este inverno o derradeiro!
Quando de pomos o vergel for cheio;
Quando ondeiar o trigo na planura;
Quando pender com aureo fructo a vide,
Eu tambem penderei na sepultura.
Dos que me cercam no turbado aspecto,
Na voz que prende desusado enleio,
No pranto a furto, no fingido riso
Fatal sentença de morrer eu leio.
Vistes vós criminoso, que hão lançado
Seus juizes nos trances da agonia,
Em oratorio estreito, onde não entra
Suavissima luz do claro dia;
Diante a cruz, ao lado o sacerdote,
O cadafalso, o crime, o algoz na mente,
O povo tumultuando, o extremo arranco,
E céu, e inferno, e as maldicções da gente?