Quando eu cerrar os olhos moribundos
Tu verterás por mim pranto saudoso;
Mas quem me diz que não virá o riso
Banhar teu rosto triste e lachrymoso?

Ai, o extincto só herda o esquecimento!
Um novo amor te agitará o peito:
E a dura lagea cubrirá meus ossos
Frios, despidos sobre terreo leito!...

Oh Deus, porque este calix de agonia
Até as bordas de amargor me encheste?
Se eu devia acabar na juventude,
Porque ao mundo e a seus sonhos me prendeste?

Virgem do meu amor, porque perde-la?
Porque entre nós a campa ha-de assentar-se?
Tua suprema paz com goso ou dores,
Do mortal, que em ti crê, póde turbar-se?

Não haver quem me salve! e vir um dia
Em que de minha o nome ainda lhe désse!
Então, Senhor, o umbral da eternidade,
Talvez sem um queixume, transposesse.