Página:Primeiras trovas burlescas de Getulino (1904).djvu/115

-111-

Das manadas de Baroens?
Anjo Bento, antes trovoens.
Faço versos, não sou vate,
Digo muito disparate,
Mas só rendo obediencia
A’ virtude, á intelligencia:
Eis aqui o Getulino
Que no plectro anda mofino.
Sei que é louco e que é pateta
Quem se-mete a ser poeta;
Que no seculo das luzes,
Os birbantes mais lapuzes,
Compram negros e commendas,
Teem brasoens, não—das Kalendas,
E, com tretas e com furtos
Vam subindo a passos curtos;
Fazem grossa pepineira,
Só pela arte do Vieira,
E com geito e protecçoens,
Galgam altas posiçoens !
Mas eu sempre vigiando
N’essa sucia vou malhando
De tratantes, bem ou mal
Com semblante festival.
Dou de rijo no pedante
De pilulas fabricante,
Que blasona arte divina,
Com sulphatos de quinina,
Trabusanas, charopadas,
E mil outras patacoadas,
Que, sem pinga de rubor,
Diz a todos, que é DOCTOR!
Não tolero o magistrado,
Que do brio descuidado,
Vende a lei, trahe a justiça
—Faz a todos injustiça--
Com rigor deprime o pobre
Presta abrigo ao rico, ao nobre,
E só acha horrendo crime