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Que usa de fivela e suspensório,
Manhoso, capadocio—e mui finorio ;
Thomaz Gomes, Mesquitas, Boticarios;
Roldoens de ribanceira e relicarios;
Pedagogos magriços, mestres-regios ;
Aguadeiros de becca, privilegios,
Rufando espalharei por toda parte,
Si a tanto me-ajudar baquêta e arte,
A golpes de tesoura e de rebeca,
De tudo hei de fazer leve peteca,
Guardando tam sómente, com respeito,
Quanto vem da natura, por defeito,
Ou róla pelos ares—as mazellas,
Que eu só vejo o que sahe pelas janellas;
Tudo mais ha de ter a impia sorte
De espatifado ser a malho ou córte,
E ainda que seja do mais alto gráo
Para alcofa ha de vir, em vara-páo,
Que eu pretendo tornar tudo em farello,
Ou eutão nao serei “Polychinello.”

O Falcão, de tabardo e de commenda,
Campando n’hum vapor, sem mossa ou fenda;
O Almeida Martins longo e magriço,
Com pernas de canudo ou de chouriço;
O Dias, alegrinho e tão cheiroso,
De dourada luneta, e vaporoso;
O Bom Brasiliense, grão-pagé.
Presidente do Club do café;
O rei dos coronéis—Paulo del grosso,
Que deixou de ser fino por ser trôço;
O Oliva, de corda e de cutélo,
Roldanete de gladio e de murzello;
O Mendes, Lopes Chaves, o Vieira,
Que nos tangos fadejam de fleira;
O Payão, que é só Payo na estatura,
Que a tripa não tem fóra, e nem grossura,
Que mineira linguiça mais parece
Si a memoria fugaz me não fallece;