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Apavora-se o Mello; atrabilario
No seyo mette a mão, sacca um rosário!
A’s armas ! grita o povo; as galerias
Estrugindo ribombam zombarias;
Ferrou-se o Celidonio ao Zé-Luiz,
O Herodes famoso—Lopes Chaves—
Trez berros disparou, em notas graves;
O Telles poz a mão no suspensorio,
Olhando de revez para o Sertorio;
Espantado, tombando na cadeira,
O Silverio Luiz ergueo poeira! ...
Mas, por fim, acalmou-se a trovoada.
A Assembléa tornou-se sosegada.

No gesto merencorio, solitario,
Qual Pompeu taciturno, ou Bruto, ou Mario,
Imponente e soberbo se antolhava
O preclaro Payão, que meditava !...

Deixaram o salão os Deputados,
Sahindo a dois de fundo, compassados,
E foram commentar, scena implacavel!
Do orador a estréa memoravel...

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Oh, Payão ! Oh, Payão ! lição tremenda!
Este caso aos vindouros recommenda!

Aqui tombou, ao som da tempestade,
De Bragança a gigante Potestade!,..

E os éccos da floresta, e os condores,
Que serão d’este facto os narradores,
Aos gados fallarão e ás hervinhas
Do emporio de luz, que n’alma tinhas.

(Publicado no n. 2 do Polichinello de 23 de Abril de 1876)