Página:Primeiras trovas burlescas de Getulino (1904).djvu/223

— 219 -

Tinha um anjo de olhos negros,
Um anjo puro e innocente,
Um anjo que me matava
Só c’um olhar—de repente,
—Olhar que batia n’alma,
Raio de luz transparente!

Quando ella ria, e que riso ? !
Quando chorava,—que pranto ? !
Quando rezava, que prece!
E n’essa prece que encanto ! ?
Quando soltava os cabellos,
Como esparzia quebranto? !

·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·


Por entre o chorão das campas
Minhas visões se occultaram ;
Meus pobres versos perdidos.
Todos, todos acabaram;
De tantas rosas brilhantes
Sò folhas secca ficaram!

II

Oh que já fui feliz!—ardente, ancioso
Esta vida boiou-me em mar d’encantos!
Os meus sonhos de amor eram mil flores
Aos sorrisos d’aurora, abrindo á medo
Nos orvalhados campos!

Ella no agreste monte, ella nos prados,
Ella na luz do dia, ella nas sombras
Pardacentas do valle, ella no monte
No Céo, no firmamento—ella sorrindo!