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Prostrado á somnolencia que domina
A’ turba dos mortaes assim rendidos,
De repente desperto ao som medonho
De brados estridentes — alaridos!

Impavido, correndo, me encaminho,
Em busca do successo não cuidado,
Que, os ares atroando, se annuncia,
Qual fero Adamastor, bramindo irado!

A’ trancos e barrancos, tropeçando,
De subito deparo fronte a fronte,
— Não de susto fallece comovido,
Com feyo, desgrenhado e sujo Bronte!

Era hirsuta a melena, esfiapada,
Que nos hombros vergados se esparzia;
A boca retorcida, os dentes verdes
Rotunda era a cabeça, mas vazia.

Trajava uma casaca que invejára
Um judas, ou magriço Gafanhóto;
Presente que lhe dera, em despedida,
O seu velho patrão, que era piloto.

Com denodo, montava, um gran tonel,
Tinha frente, de parras, enfeitada;
Empunhando na dextra uma seringa,
E na sextra uma vinha, já curada.

Diante do heroe vinham, saltando,
Uma chusma de Bacchos, de cornetas;
Tambem vinha Priapo, enfurecido,
Entre velhas zanagas, e cambêtas!