D’espanto dominado, lhe pergunto:
Quem és tu, ó mortal, que assim caminhas?
Responde-me o colosso, insano e forte:
“O grande curador do mal das vinhas!!”
E soprando-me a testa, d’improviso,
Por pouco me não deixa sem juizo!
Aos ares se elevou, empavesado,
As abas da casaca abrindo ouzado;
E, logo que da terra se apartou,
Sobre as nossas cabeças espalhou:
Um chuveiro de annuncios, em gazettas,
Retumbantes artigos, grossas petas;
A capa-rosa, a galha, a t’rebentina,.
Essencia de tabaco, e de quinina;
Pontinhas de charutos, já fumados,
Ratos mortos, em vinho conservados;
Pomposos elogios, em jornaes,
Sementes p’ra o fabrico de animaes:
Um tractado das cousas reunidas,
E mais outras cousitas esquecidas!
Nem Cesar, Bonaparte, nem Mavorte,
E outros em quem poder não teve a morte,
Egualam, no saber, o pregoeiro,
Que das vinhas se acclama — curandeiro..
Por elle se esqueçam os humanos
De Assyrios, Persas, Gregos e Romanos
— Que nas grimpas da gloria repimpado
Um abraço vai dar no sol dourado.