as patas abdominaes (porém não as da cauda); ellas se desenvolvem simultaneamente com os ultimos pares thoracicos.
O ultimo par de patas do corpo mediano da larva, por conseguinte, o penultimo par do animal adulto, é quasi sempre semelhante em estructura ao precedente. Uma excepção no- tavel é, comtudo, apresentada á este respeito, por Cryptoniscus e Entoniscus — notavel por confirmar a proposição de Darwin de que «as partes desenvolvidas de um modo desusado são muito variaveis», porque, no par formado de modo peculiar, existe a maior differença possivel, entre as tres especies até agora observadas.
Em Cryptoniscus e Entoniscus, esta ultima pata é delgada e em forma de agulha, em Entoniscus cancrorum, ella é notalvelmente longa e provida de uma robusta e espessa mão e de uma chela peculiarmente construida; em Entoniscus porcellanae, muito custa, imperfeitamente articulada e terminada por uma larga peça oval. (figs. 39 e 40)
Alguns Isopodes soffrem uma consideravel mutação, immediatamente antes de attingir á maturidade sexual. Tal é o caso já referido com os machos de Tanais e segundo Hesse, com os Pranizae em que ambos os sexos passam à forma conhecida por Anceus. Porém Spence Bate, cuidadoso observador, affirma ter visto femeas da forma de Praniza, carregadas de ovos grandemente adiantados em desenvolvimento.
N'esta ordem encontramos pela primeira vez com uma extensiva metamorphose retrograda, consequente ao modo de vida parasitario. Mesmo em alguns Cimothoa, os jovens são activamente nadadores e os adultos, embotados, estupidos e pesados socios, cujas curtas patas atracadoras só são capazes de poucos movimentos. Nos Bopyrideos (Bopyrus, Fryxus, Kepone, etc., que podiam ter sido deixados convenientemente n'um unico genero), parasitas sobre carangueijos, lagostas, etc., estabelecendo sua morada primeiramente na cavidade branchial, as femeas adultas são inteiramente desprovidas de olhos, as antennas são rudimentares, o largo corpo e frequentemente assymetrico, em consequencia de se desenvolver em espaço confinado; seus segmentos são mais ou menos amalgamados entre si; as patas são atrophiadas e os appendices do abdomen, transformados de patas nadadoras, com cerdas longas, em branchias foliceas ou linguiformes e, ás vezes, ramificadas.
No macho, anão, os olhos, as antennas e as patas são, na regra, melhor preservados que na femea; porém, por outro lado, todos os appendices do abdomen, frequentemente não desapparecem e, ás vezes, os traços de segmentação. Nas femeas de Entoniscus que são encontradas na cavidade somatica dos caranqueijos e Porcellanae, os olhos, as antennas e orgãos oraes, a segmentação do corpo vermiforme, e em uma especie (figs. 41 e 42) o total dos membros, desapparecem quasi sem deixar traço algum; e Cryptoniscus planarioides, mais depressa seria encarado um Plathelmintho do que um Isopode, se seus ovos e filhotes não trahissem sua natureza de crustaceo. Entre os machos d'estes varios Bopyrideos, o de Entoniscus porcellanae occupa o mais baixo logar; em toda a sua vida, cabem-lhe seis pares de patas, reduzidas á disformes cotos arredondados.
Os Amphipodes são differenciados dos Isopodes,
em um periodo primitivo do ovo, pela
posição differente do embryão, cuja extremidade
posterior é curva para baixo (fig. 43). Em
todos os animaes d'esta
ordem, para tal fim, [1]
apparece muito cedo uma
estructura peculiar na
parte anterior do dorso,
pela qual o embryão é
ligado á membrana ovular
interna e que foi chamado
«apparelho micropylar», porém, impropriamente,
segundo me parece. [2] Elle nos
lembrará a união dos jovens Isopodes com a
membrana larvar e o «orgão adherente», impar,
- ↑ Nos generos Orchestoidea, Orchestia, Allorchestes, Montagua, Baten, n. g. Amphilochus, Atylus, Microdeutopus, Leucothoe, Melita, Gammarus (segundo Meissner e La Valette), Amphithee, Cerapus, Cyrtophium, Dulichia, Protella e Caprella.
- ↑ Por pouco que o um nome possa affectar os factos, devemos certamente, confinar o nome de "micropylo" aos canaes da membrana ovular que servem para a passagem da cellular masculina. Porém a membrana ovular externa passa sobre o "apparelho micropylar" dos Amphipodes, sem perfuração alguma, segundo as proprias affirmativas de Meissner e La Valette, parece que ella nunca está presente antes da fecundação, attinge o seu maior desenvolvimento n'um periodo subsequente da vida ovular, e os delicados canaes que a penetram, nem sempre parecem presentes; na verdade ella parece mais pertencer ao embryão do que á membrana do ovo. Jamais me pude convencer que a chamada "membrana ovular interna" seja realmente d'esta natureza e talvez não o primitivo tegumento larvar, só formado após a fecundação, como pode ser supposto relativamente á Ligia, Cassidina e Philoscia.