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KOSMOS

da nuca dos Cladoceros, notavelmente desenvolvido em Evadne e persistente por toda a vida do animal; porém em Daphnia pulex, segundo Leydig, comquanto presente nos jovens, desapparece sem deixar traço algum nos adultos.

O joven, emquanto ainda no ovo, adquire o pleno desenvolvimento de seus segmentos e membros. Nos casos em que os segmentos são amalgamados juntamente, como os dous ultimos segmentos do thorax em Dulichia e os ultimos segmentos abdominaes e a cauda em Gammarus ambulans e Corophium dentatum n. sp., e os ultimos segmentos abdominaes e a cauda em Brachyscelus, [1] ou onde faltam um ou mais segmentos, como em Dulichia e nas Caprellas, encontramos a mesma fusão e as mesmas deficiencias nos jovens retirados do saco proligero materno. Mesmo as peculiaridades de estructura dos membros, tanto quanto sejam communs em ambos os sexos, são na regra bem assignaladas no joven recen-sahido da casca, de modo que o ultimo só differe, geralmente, dos paes, pela formal mais robusta, o numero menor de articulos antennaes e filamentos olfactorios; e tambem das cerdas e dentes, com os quaes o corpo e as patas são providos e, tambem, pelo tamanho comparativamente maior do flagellum secundario. Uma excepção á esta regra é apresentada pelas Hyperinas que vivem, commummente, sobre os Acalephos. N'estas, jovens e adultos têm quasi sempre uma apparencia; porém, mesmo n'estes, não ha nova formação de segmentos somaticos e membros, mas, apenas uma transformação gradual d'estas partes. [2]

Assim, no intuito de dar novos exemplos, as podersas chelas do anti-penultimo par de patas de Phromina sedentaria, são produzidas, segundo Pagenstecher, de simples patas de estructura vulgar; e vice-versa, as chelas dos penultimos pares de patas dos jovens Brachyscelus, se convertem em simples patas. Nos jovens do genero por ultimo citado, a longa cabeça, é estirada n'uma ponta conica e tem olhos notavelmente pequenos; no decurso do desenvolvimento, os ultimos, como na maior parte das Hyperinas, attingem á um tamanho e ocupam, por tal modo a cabeça, que esta parece espherica.

FIGS. 44-46 — Patas de Hyperia martinezi, n. sp. (1) Figs, 47-49 — Patas de um cacho quazi adulto da mesma especie; 44 e 47 do primeiro par de patas anteriores (Gnathopodes; 45 e 48 do primeiro e 46 e 49 do ultimo par de patas thoracicas. 90 diametros.

A differença dos sexos que nos Gammarinos, está commummente expressa na estructura das patas anteriores (gnathopoda, Sp. Bate) e nas Hyperinas, na estructura das antennas, è frequentemente tão grande que, os machos e as femeas, foram descriptos como especies differentes, ou, repetidamente collocados em generos diversos (Orchestia e Talitrus, Cerapus e Dercothoe, Lestrigonus e Hyperia) ou


  1. Segundo Spence Bate, em Brachyseelus crusculum o quinto segmento abdonimal não é amalgamado ao sexto (cauda) porém ao quarto, do que estou inclinado á duvidar, attendendo à estreita semelhança que esta especie mostra com as duas que em examinei.
  2. Nos jovens de Hyperia galba, Spence Bate não encontrou nenhuma das patas abdominaes, nem os dous ultimos pares de patas thoracicas; porém, esta notabilissima asserção necessitava de ser ratificada, tanto mais quanto elle examinara estes minusculos animaes sómente em estado secco. Subsequentemente, tive a opportunidade de traçar o desenvolvimento de uma Hyperia que não é rara sobre os Ctenophoros, espe- cialmente sobre Beroe gila, Echsch. A larva mais nova do sacco ovigero materno, possue já o numero total de patas thoracicas; de outro lado, como Spence Bate, não pude encontrar aquellas do abdomen. A principio, apenas, todas essas patas se convertem, como as anteriores, em patas prehensoras, ricamente denticuladas e, na verdade, de tres formas differentes; os anteriores, (fig. 44) os dous seguintes (fig. 45) e finalmente os tres ultimos pares (fig. 49) sobre tudo, soffrem uma mudança. A differensa entre os dous sexos é consideravel; as femeas se distinguem por um thorax muito largo e os machos (Lestrigonus). por antennas muito longas, das quaes, a anterior, tem uma desusada abundancia de filamentos olfactivos. Afinal as mais novas larvas não podem nadar; são animalculos desprotegidos que se atracam firmemente e, sobre tudo, ás laminas nadadoras, dos seus portadores: as Hyperias adultas, não raro encontradas livres no mar, são, como é bem sabido, os mais admiraveis nadadores da sua ordem. ("Il nage avec une rapidité extrême", diz Van Benden de H. latrellei, M. Edw.) A transformação das Hyperias deve ser encarada evidentemente, como adquirida, e não herdada, isto é, a ultima aparencia dos appendices abdominaes e a estructura peculiar das patas, nos jovens, não devem ser trazidos ao desenvolvimento historico dos Amphipodes, porém á conta do modo parasitario de vida dos jovens. Como em Brachyscelus, a livre locomoção continuou até ao adulto e não ao jovem, contrariamente ao modo commum entre parasitas. Ainda mais notavel é uma circumstancia semelhante em Caligus, entre os Copepodes parasitas. O joven, descripto por Burmeister como genero especial, Chalimus, fica ancorado, nos peixes, por meio de um cabo que sahe da parte anterior da cabeca e tem a extremidade firmemente implatada na pelle d'aquelles animaes. Quando chega a maturidade sexual, o cabo é cortado e os Caligos adultos, admiraveis nadadores, são, com frequencia, capturados nadando livremente no mar. (Vide Archif fur Naturg. 1852-1-ng. 91.)