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A ave hedionda, entretanto, erma, a encimar o busto,
Sobre cuja brancura as azas distendia,
Como se essa palavra o sentido mais justo
Tivesse e contivesse a suprema harmonia;
Fosse do pensamento um envólucro augusto,
Cheio de precisão e cheio de energia,
Nada mais pronunciou, nem ao menos, a custo,
Uma pluma moveu da plumagem macia.
Eu, que continha mal toda a minha saudade,
Apenas murmurei: Amigos de outra idade
Tive, partiram; certo, assim tambem te vaes!
Assim tambem te irás, mal rompa em luz a aurora!
Esperanças que tive, assim fostes embora!
E o corvo repetiu a phrase: Nunca mais!...
Todo o assombro em meu ser por temôr se annuncia,
Ouvindo a ave augural, sem o menor estorvo,
Tal resposta me dar, com tanta analogia,
Que inda agora, a lembral-a, éco por éco a sorvo.
Certo a phrase aprendeu na triste companhia
De algum mestre infeliz cujo destino torvo,
Da dôr o escravisou á fera tyrannia,
E a sabe assim de cór, o foragido corvo!
Tantas vezes a ouviu, tão repetidamente
O seu mestre infeliz lh'a fez vibrar na mente,
Que hoje a profere a rir, como a profere em ais!
De profundis! cruel de uma morta esperança,
Tão tristonhas canções deixaram na lembrança
Do corvo este estribilho, este só: Nunca mais!...