fino onde a lua refulgia em soalha de prata. Um bacurau levantou o voo desaparecendo no mato. Mandovi passou, de novo, o pau às costas, derreou a cabeça e, de olhos no céu, cantou baixinho:

No topo daquele monte
Mora a minha ocupação
Por isso ali sobe tanto
Meu travesso coração
........................
Por isso ali sobe tanto
Meu travesso coração...

e continuou assobiando. Calou-se para chupar o cachimbo que se havia apagado de novo, depois, seguindo uma ideia, riu, resmungando:

– Han, diabo de rapariga... Depois a gente faz uma côsa e tá aí... porque andou virando a cabeça da muié dos ôtro, e mais isto e mais aquilo. Por causa disso memo é que acontece tanta desgraça neste mundo de Deus. A gente vai memo e tá aí. Atirou uma cusparada e, sacudindo a cabeça, exclamou: Quá! Casimiro não tá seguro. Aquela roxa é o diabo!

De repente um grito silvou na mata. O cão estacou, de orelhas fitas. Mandovi deteve o andar, olhando. O luar, cada vez mais brilhante, cintilava na água rasa do córrego que seguia a par da estrada. O silêncio era grande, não bolia folha. O cão ladrou para a mata e seguiu farejando a poeira.

Mandovi retomou a cantilena, mas não havia dado seis passos, quando, de novo, ouviu o grito