agudo que, dessa vez, parecia dizer o seu nome, como se o chamasse "Mandovi!"

O caboclo sentiu um arrepio de medo e ficou a olhar – tudo era mato e sombra, nem uma luz de rancho, nem um boi perdido no campo. "Mandovi!"

– Eh! Eh! fez o valente. A mode que isso aqui tá assombrado hoje.

Voltou-se alongando o olhar para o caminho que percorrera: sombras moviam-se sinistramente na estrada; ele, porém, habituado àquelas caminhadas noturnas, não se assustou com elas porque bem viu que eram dos galhos das árvores. Mas alguma coisa tolhia-lhe o andar, uma voz interior dizia-lhe que não prosseguisse. Estava ainda tão longe o Serrinho, à uma hora, talvez, e por dentro da mata porque a estrada desviava-se, pouco adiante, para o Cabuçu, em trilho estreito que se metia pela floresta, levando à povoação pobre dos vaqueiros de Santa Iria.

Depois de uma hesitação, o caboclo decidiu-se:

– Quá! Isso é tonteira. Aquele Manezinho é bicho tão escorvado que é até capaz de botar alguma côsa na bebida mode tontear a gente, só pra ganhar na certa. Quem é que há de gritar meu nome a esta hora, neste descampado? Isso é tonteira memo. Passou a mão pelos olhos, e, resoluto, animou o cão: Bamo, Tigre. Então ocê não ouve, véio? Bota a boca nesse diabo que tá aí tomando confiança com a gente. Bota a boca, Tigre.

O cão arremeteu, mas de repente, numa volta súbita, recuou ganindo, de orelhas murchas e, em corrida desabalada, veio atropelar o caboclo, esfregando-se-lhe nas pernas, com um choro covarde. Mandovi,