Outubro. O sol, em pleno, alargava por todo o campo uma luz fixa e cáustica. Não havia sombra – tudo resplandecia e um tédio morno, pesado, de preguiça, parecia apoderar-se das próprias coisas, prendendo-as em imobilidade, de onde nem mesmo o bulir das folhas tirava o doce murmúrio, tão agradável ao ouvido de quem trabalha sob a rude prancha da soalheira estiva.

Nas escarpas, esterilmente nuas, cabras berravam melancólicas e, de momento a momento, um boi magro surgia entre as palhas secas dos milhos, lento, estafado, banzeiro, esticava o pescoço esfolado pela canga e mugia, ficando depois com o focinho á altura das praganas louras, contemplativo e tristonho, a olhar o céu.

Por baixo, num largo planalto de terra vermelha, limpa de fresco,