Sobre os seus cabelos corria uma tradição ingênua e poética. Dizia uma canção:
"Nos cheirosos cabelos de Teçai, negros, longos e sedosos, nascem rosas e cravos, lírios e bogaris.
"A cabeça de Teçai é como um jardim cuidado – as flores das suas tranças dormem em botões fechados e, pela manhãzinha, justamente como as do campo, acordam desabrochadas".
A poesia popular inspirara-se na estranha paixão da índia pelas flores: porque andava sempre toucada de ramalhetes, entraram a dizer que eles lhe nasciam nos cabelos.
À noite, os que viajavam, passando à beira do rio, achavam-na a bailar, falando à lua e às aguas numa linguagem singular. Durante o dia cultivava a sua horta, junto à igreja.
Sucumbira de velhice, diziam, e lá ia o seu enterro triste acompanhado por um borrego malhado, seu único amigo e os que a levavam; ninguém mais. O sino, entretanto, gemia pela pagã, a igreja abençoava a bárbara, mas o céu, a mais e mais fechado, parecia trancar-se para não receber a alma infiel da índia feiticeira, cujo corpo encarquilhado ia a caminho da cova, ao tinir da sineta e ao triste balar do borrego, deitado na rede que ela mesma tecera, quem nem um caixão lhe deram os piedosos cristãos da Itamina.
Súbito, um clarão instantâneo iluminou o campo; durante uma pausa, o sino vibrou choroso, mas um formidável estrondo atroou os ares, abalando a terra; outro, logo em seguida, com estrépito de raio. Os bois, assustados, deitaram a correr aos galões, através da planície. Num ápice todos os campeiros