e ainda se ocupavam de música, de arte e de sentimento. Para esses o dinheiro não é um fim, como para os primeiros, os cruzados do século; é meio apenas de obter o gozo; é um engaste para o prazer. Assim uma mulher bonita na pobreza parece uma crisólita embutida em estanho; na riqueza, torna-se uma pérola cercada de diamantes.
Os olhares desta parte da sociedade acompanhavam os movimentos de Guida com admiração e insistência igual à dos adoradores do dinheiro encarnado na pessoa de Soares. Ela também representava o mito do século, o milhão. Se o pai figurava o milhão feito homem, ela era o milhão feito anjo; o ouro convertido em luz, a libra esterlina transformada em estrela, o bilhete do banco adquirindo de repente a graça diáfana da asa de borboleta.
Os etimologistas, gente que profetiza o passado e inventa o esquecido, dizem que ouro, palavra de origem egípcia, significou primitivamente a luz, o sol, passando a designar o metal precioso por analogia. Se assim foi,