como me parece racional, Guida personificava o ouro segundo a delicada comparação da poesia oriental: era o sol esplêndido da fortuna; era a réstia de luz coalhada em barra, o prisma bancário, o raio amoedado.

Entre todos os cavalheiros que se prostravam humildes ante o ídolo, distinguiam-se três, ou pela assiduidade na adoração, ou pela esperança que afagavam. Eram o Guimarães, o Bastos e o Dr. Nogueira: pessoas que sem dúvida merecem alguma notícia, pois um deles, segundo se dizia geralmente, teria de ser o feliz, o querido da fortuna, o marido da mais rica herança e da mais bonita moça do Rio de Janeiro.

Guimarães era um moço de vinte e sete anos, filho de um antigo procurador muito ginja, que devia deixar-lhe uma legítima de uns seiscentos contos de réis. O pai à custa de empenhos conseguira formá-lo em Direito; mas só por luxo, para dar-lhe o título que tanto invejara. Sucedeu porém que ninguém tomou ao sério a cousa, nem mesmo o rapaz. Todos