admirava. Não discutia pois, não se defendia; refugiava-se no seu amor.

Ao ler a carta de Fábio, no meio do espanto que produzia-lhe o tom leviano do estouvado a profanar as cousas mais santas, pela primeira vez uma dúvida cruel traspassou-lhe a alma. “Não era ela a única mulher do mundo que podia fazer a felicidade de Ricardo? Havia para esse homem outra ventura, outro futuro, outra existência, além da que lhe devia dar o seu amor?”

Com o soçobro causado por essa primeira percussão d'alma, arrasaram-se-lhe os olhos de lágrimas sem que ela mesma soubesse por que chorava. Assim, quando ouviu a explicação que D. Benvinda deu a seu pranto, disse com um sorriso contrafeito:

— Há de ser de alegria mesmo!

Momentos depois recolhia-se Bela à sua casa, e achou na sala o pai, o Dr. Lopes, em companhia do Felício Lemos.

— Estávamos falando em você, Bela, disse o pai que dobrava um papel.